terça-feira, 19 de agosto de 2014

Não é estranho que os sites de maior audiência atual, no mundo todo e principalmente em terras tupi guaranis, sejam as tais redes sociais? 
Isso apenas nos mostra que queremos interagir, muito, queremos interagir mais e com um maior número de pessoas. 
Ao mesmo tempo, nossa interação com as pessoas é cada vez menor, quer ver? 
Sexta-feira, fim de tarde. 
Estou no bar com mais cinco amigos. Sentamos na mesa animados depois de mais uma semana que chegou ao final. Três deles estão com o celular em mãos enquanto converso com os outros dois, tentando decidir que marca de cerveja vamos pedir. 
Pedimos, enquanto os outros dois concordam levemente com um movimento de cabeça, quase imperceptível. O garçom anota e sai e os outros se juntam àqueles que parecem ter coisas a serem verificadas em seus aparelhos. Eu até comento sobre o que está ocorrendo e eles riem sem tirar os olhos da tela. 
Eu olho o bar se enchendo de pessoas, e fico numa tal situação, que me sinto tentada a pegar o celular. O 3G tá desligado, e não há notificações pra mim. Melhor assim.
O garçom traz os copos, a cerveja e serve. Assisto um a um, cada um sair de sua pequena bolha tecnológica pra ver o líquido dourado preencher seu respectivo copo. Nos olhamos e brindamos alegres. Os celulares descansam serenos em cima da mesa. 
Agora somos seis, copo na mão, celebrando o momento. Tim tim, saúde.e blá. 
Bebo e quando termino o primeiro gole, três estão de volta com seus celulares e um meio silêncio ronda a mesa. 
Falta assunto.pelo menos ao vivo, enquanto online, a coisa continua a rolar. 
Meu celular não se mexe, não acende, não pisca. Meu 3G continua desligado e eu continuo sem assunto. 
Três copos depois, cinco piadinhas maldosas sobre o uso do aparelho e umas fritas danadas de boas, estou de volta com as pessoas que queriam beber comigo. 
Agora sim falamos, conversamos, olhando uns nos olhos dos outros. Estamos sedados. 
Precisamos nos “drogar” pra viver a vida real. 
Tento ignorar, agora bem mais a vontade, o fato de um ou outro “sair” da conversa, pra checar o celular enquanto estamos lá. É a vida! 
Se você nunca passou por isso nos últimos anos, você não vive em uma cidade deste planeta. 
Pelo menos não em uma que tenha internet, 3G e wi-fii. 
É cada vez mais recorrente que as pessoas fiquem conectadas e tão alheias ao que acontece a sua volta. 
Mas aí, eu decidi escrever sobre isso. Afinal, eu sou dessas que acredita que as pessoas precisam voltar a se falar, olhar no olho e coisa e tal. Mas aí a realidade cai em meus ombros, como uma grande bigorna de desenho animado. 
Estou no computador, com grandes fones de ouvido, que me preenchem com a música que eu gosto de ouvir, meu celular está do lado, e paro para checar minhas últimas mensagens no whats up, quase perco o raciocínio com uma notificação de twitter e chego ao fim deste parágrafo me sentindo mais um E.T deste planeta que tanto critiquei até agora. 
Então, decido. Tiro meus fones e desligo a música. Viro o celular de cabeça pra baixo, e ouço meus dedos trafegarem pelas teclas fazendo algum barulho. 
Tarde demais. As pessoas do meu lado já estão de fones. Não estão à disposição, não querem ouvir. Querem permanecer trancadas no mundo quentinho e gostoso onde tudo pra elas faz sentido. 
Daí eu lembrei do bar, e dos sites mais acessados, e lembrei de mim, e de todos meus amigos que estão de alguma forma conectados comigo. 
Lembrei que neste último 07/04 recebi mais de 180 notificações de aniversário pelo facebook, instagram, skype e whats up. 
Cinco amigos ligaram. 
Cinco. 
Pensei em convidá-los gentilmente sexta-feira, para um bar. E no convite, em letras carinhosas, vou pedir gentilmente: “Por favor, desligue o seu celular”. 

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Por Luciana Landim, colunista que pensa pelas entrelinhas.


Minha apresentação

                    Olá sou a silvane,pode me chamar de Sí.